top of page

Quando o agora é um horizonte de consciências e experiências

 

 

O dia 22 de setembro de 2020 marca, para mim, o início de um tempo de luto. Foi neste dia, quando o corpo afetivo do meu pai se fez ausente, que meu estar no mundo teve, mais uma vez, que ser reorganizado e revisto, agora em função de uma falta evidente. Falta que, em verdade, já durava cinco anos – ou mesmo mais – e que, talvez, tenha iniciado quando percebi que meus pais perdiam a independência e autonomia. Ali começava um tempo até então desconhecido para mim.

Percebo, neste momento enquanto escrevo, que o agora é um tempo impreciso que flui do ali (quando?) a esse instante no qual uma consciência se faz, se delineia e, de alguma forma, se torna marca, letra, cicatriz no corpo, presença. O agora não se mostra, pois, como ponto isolado no tempo, mas, mais que isso, um largo espectro e espaço de pontos e de anacronismos que duram e desaparecem incessantemente.

Falar, portanto, de um agora, seria trazer ao texto imagens variadas e ainda desorganizadas que, como um palimpsesto, insistem em se sobrepor, se mesclar, se confundir, e, nesse movimento, despertar sentimentos até o momento incompreensíveis. É, também, mergulhar na ausência daquilo que morreu e, consequentemente, na vida que ela faz brotar e, assim, nos manter.

Foi exatamente no meio do ano de 2019, antes da grande solidão da pandemia se instalar, que em meio a um tempo de cansaço e tristeza no qual a falta já regia o tom dos meus dias, que surgiu a ideia de um novo pedaço de terra a habitar, um outro pedacinho de mundo sobre o qual eu pudesse plantar, não só uma casa, mas cultivar a natureza naquilo que ela é e que eu sou.

 

*Construir, habitar, cultivar é um projeto de publicação ainda em elaboração.

 

Link para ver: https://issuu.com/giovannamartins/docs/construir__habitar__cultivar

giovanna.PNG
bottom of page